quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

15 curiosidades d’O Pequeno Prícipe e de Antoine De Saint-Exupéry

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O Pequeno Príncipe. O mero mencionar da obra-prima de Antoine de Saint-Exupéry enseja questões interessantíssimas que permeiam seu perspicaz enredo. Não é por menos.Esta é a terceira obra literária mais traduzida em todo o mundo – sendo A Bíblia Sagrada a primeira e a obra O Peregrino, a segunda. Ademais, a obra em voga foi traduzida para mais de 250 idiomas e dialetos, vendendo mais de 140 milhões de cópias ao redor do mundo.
Desde sua primeira publicação, no ano de 1943, a história do principezinho fascinou leitores de todas as faixas etárias e, por conseguinte, conquistou uma renomada posição em âmbito literário. Quão grande é a singularidade desta obra de Saint-Exupéry, o Literatortura não poderia deixar de abordá-la aqui por meio duma lista de curiosidades.
Boa leitura!
VIDA DO AUTOR
#1. Antoine de Saint-Exupéry, assim como o narrador de O Pequeno Príncipe, foi piloto de avião. A bem da verdade, o autor prestou serviço militar para a França – seu país de origem – no início da Segunda Guerra Mundial.
Antoine de Saint-Exupéry
Antoine de Saint-Exupéry
#2. O autor já chegou a fazer alguns pousos no Brasil entre 1928 e 1930. Latécoère – uma empresa francesa para a qual Saint-Exupéry trabalhava – tinha uma base de abastecimento na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina. Por lá, o autor ficou conhecido como “Zeperri”. Posteriormente, em sua obra Vôo Noturno, o autor cita a cidade de Florianópolis. Atualmente, uma pousada leva o nome abrasileirado do autor: a Pousada Zeperri, localizada na Praia do Campeche – Florianópolis.
#3. No dia 30 de Dezembro de 1935, Saint-Exupéry e o copiloto André Prévot voavam por cima do Deserto do Saara. Na verdade, eles estavam prestes a quebrar o recorde de velocidade numa corrida aérea da qual faziam parte. Por volta das 02:45 da manhã, um imprevisto ocorreu. Por infortúnio, sua aeronave (uma Caudron C-630 Simoun) caiu. Eles milagrosamente sobreviveram. Tendo de lidar com o intenso calor do deserto, os aviadores ficaramdesidratados; viram miragens e tiveram alucinações. No quarto dia, um Beduíno (integrante de grupos árabes que habitam o deserto) os encontrou. Deu-lhes o devido tratamento de reidratação e salvou-lhes a vida.
Daí pode-se entender o porquê de o principezinhoter caído exatamente no Deserto Do Saara.
Saint-Exupéry após a queda no Deserto do Saara
#4. Todas as aquarelas que aparecem em O Pequeno Príncipe foram pintadas pelo próprio autor. Ele estudara, em sua juventude, arquitetura, mas não considerava-se um artista. De modo similar, o narrador do livro alega que
“As pessoas grandes aconselharam-me deixar de lado os desenhos de jibóias abertas ou fechadas, e dedicar-me de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática.”.
capítulo I
A OBRA
#5. É o livro mais lido da língua francesa; considerado, na França, comoo melhor livro do século XX.
#6. A despeito da forte relação entre O Pequeno Príncipe e o idioma francês, o livro teve sua primeira publicação nos Estados Unidos, em 1943. Foram lançadas, nessa ocasião, tanto a versão em inglês quanto a em francês.
#7. A obra foi escrita durante um exílio de Saint-Exupéry nos EUA. Em tal contexto, o autor tentava convencê-los a entrar na Segunda Guerra Mundial contra a Alemanha Nazista.
INSPIRAÇÕES PARA PERSONAGENS
#8. É provável que a sábia raposa de O Pequeno Príncipetenha nascido duma experiência real. Em 1928, no norte do Deserto do Saara, enquanto servia o exército francês, Saint-Exupéry encontrou um Feneco – mais conhecido como raposa-do-deserto. O autor chegou a criá-la durante sua estadia local. Ainda neste âmbito, acredita-se que as falas da raposinha muito tem a ver com uma antiga colega de Antoine – Silvia Hamilton Reinhardt, da cidade de Nova Iorque. A famosa frase “Só se vê bem com o coração.” muito provavelmente foi dita por ela.
Fenecos; também conhecidos como “raposas-do-deserto”
Fenecos; também conhecidos como “raposas-do-deserto”
#9. A rosa do principezinho, por sua vez, foi inspirada em Consuelo de Saint-Exupéry: a esposa de Antoine. Ela nasceu em El Salvador – um país conhecido como “A Terra dos Vulcões”, por abrigar muitos destes. Daí pode-se inferir de onde veio a ideia para o pequeno lar do principezinho: o asteroide B-612.
#10. O perigo que as árvores baobás representavam para o lar do principezinho também está relacionado com a realidade. O tal perigo nada mais é senão o que o Nazismo representava para Saint-Exupéry.
#11. A aparência do pequeno príncipe pode ter ligação com a própria aparência de Antoine Saint-Exupéry quando jovem. Isso porque, nessa época, seus amigos e familiares costumavam chamá-lo deRoi-Soleil (Rei do Sol) devido a seus cabelos – até então loiros e encaracolados.
FILOSOFIA
#12. A despeito das características que aproximam a obra da Literatura Infantil (o intercolutor são as crianças; há uma porção de aquarelas ao longo do livro; os parágrafos são curtos e o vocabulário, bastante acessível), O Pequeno Príncipepode também ser considerado literatura filosófica.
#13. O contato direto com a Segunda Guerra Mundial suscitou experiências e ponderações que, a posteriori, foram claramente evidenciadas em sua obra-prima.
#14. O Pequeno Príncipe pode ser considerado um apanhado de parábolas existencialitas. Finda a observação da obra, há de se observar que quase todos os capítulos – pequenos fragmentos da viagem do principezinho – abordam críticas à sociedade do entre-guerras. O autor faz uso, inclusive, de dualidades como vida/morte, amigo/inimigo e sociedade/indivíduo para solidificar as questões que traz à tona.
#15. Dentro do âmbito filosófico, é possível fazer analogias entre postulados de grandes existencialistas e enredo/trechos da obra em questão. Observe:
A) SørenKierkegaard começou a investigar o significado do que era “ser um ser humano” olhando-o como indivíduo autônomo, e não como parte dum grande sistema filosófico (como fizera Hegel). Ele alegou que a vida humana é determinada por escolhas livres e subjetivas. A liberdade total de escolha implica, todavia, um sentimento de angústica e apreensão naquele que está por decidir algo. Deste modo, Kierkegaard forneceu o sustentáculo para a escola existencialista.
Jean-Paul Sartre, dando continuidade às ideias existencialistas de Kierkegaard, alegou que “a existência humana precede sua essência; seu propósito”. Com isso, Sartre queria dizer que o homem não nasce com um propósito pré-determinado; não é feito para qualquer finalidade específica.Por conseguinte, o ser humano há de criar seus próprios propósitos; tornar-se aquilo que faz de si; definir a si mesmo.
O filósofo existencialista Jean-Paul Sartre
Esta liberdade inerente às escolhas subjetivas, entretanto, motiva o crescimento duma angústia ou apreensão interna. Afinal, após uma escolha pessoal vem sua respectiva consequência.
Pontos estes parecem ser trabalhados com uma profunda simplicidade por Antoine de Saint-Exupéry. A autonomia da ação (liberdade) e suas consequências são evidenciadas, por exemplo, no ato de partida do principezinho pelos planetas afora, em cortar as árvores baobás de seu planeta ou em escolher regar sua flor.
A fim de proteger sua rosa de bichos e do vento, o Pequeno Príncipe a preservava dentro duma redoma de proteção.
“– Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.”
capítulo XXI
B) Durante sua viagem interplanetária, o principezinho tenta “[...]procurar uma ocupação e se instruir”. Mesmo sabendo que tal processo seria subjetivo, ele entra em contato e dialoga com habitantes de outros planetóides. De maneira similar, o existencialista Karl Jaspers alega que é necessário que o homem descubra sua “verdade” por meio de seus próprios esforços. Não obstante, ressalva que essa busca pela verdade há de ser realizada com todos os “companheiros de pensamento”.
Por fim, vale salientar que, de modo geral, a relação existencialismo/crítica social ganha destaque ao passo que o autor vai evidenciando as ações subjetivasdas “pessoas grandes”. Como diria Sartre, tais decisões definem a vida de quem as toma .
Confira os trechos que isso demonstram:
“E eu corro o risco de ficar como as pessoas grandes, que só se interessam por números.”
capítulo IV
“Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. [...] Mas eu era jovem demais para saber amá-la.”. capítulo VIII
O planeta do bêbado
“Bebo para esquecer que tenho vergonha de beber”.
capítulo XII
“É útil para os meus vulcões, é útil para a minha flor que eu os possua. Mas tu não és útil para as estrelas…”.
capítulo XIII
“– Onde estão os homens? A gente está um pouco sozinho no deserto.”
“– Entre os homens também.”.
capítulo XVII
“– Os homens? [...]não se pode nunca saber onde se encontram. O vento os leva. Eles não têm raízes. Eles não gostam de raízes.”.
capítulo XVIII
O principezinho e a raposa.
“– A gente só conhece bem as coisas que cativou. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.”
capítulo XXI

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