A mais comum, usada em cachorros-quentes e outras receitas populares, é
feita em linhas de produção automatizadas, praticamente sem contato
humano e com etapas rígidas de higienização. Isso desmente o mito de que
as fábricas de salsichas ainda são ambientes repugnantes, com sangue e
gordura escorrendo por todos os lados. Essa
idéia se disseminou principalmente pela célebre frase do chanceler
alemão Otto von Bismarck (1815-1898), que dizia que as pessoas nunca
deveriam saber como são feitas as salsichas e as leis. Na verdade, a
única parte do processo que pode afetar os estômagos mais sensíveis é a
hora da escolha dos ingredientes, já que essa iguaria é feita com carne
picada ou moída de qualquer pedaço de boi, porco ou frango. “Geralmente,
o que entra nessa mistura são as sobras dos cortes tradicionais e
partes pouco apreciadas, como as bochechas e as vísceras de bovinos e
suínos”, diz a engenheira de alimentos Eunice Yamada, do Instituto de
Tecnologia de Alimentos de Campinas (SP).
Entretanto, a receita costuma mudar um pouco de acordo com o tipo de
produto. “Quando a salsicha é de frango ou de peru, a carne aproveitada
na fabricação é aquela que fica grudada nos ossos após a retirada das
peças principais, como o peito, a coxa e a sobrecoxa”, afirma outra
engenheira de alimentos, Carmen Castillo, da Universidade de São Paulo
(USP).
Mistura animal
-Restos de carnes de boi, de porco e de frango são os ingredientes principais do produto
1. A matéria-prima
da salsicha é a chamada carne industrial, composta principalmente de
sobras e aparas dos cortes tradicionais e de regiões pouco valorizadas
de boi, frango e porco. Na primeira etapa da produção, as peças
congeladas são cortadas em pedaços bem pequenos por um conjunto de
máquinas automáticas
2. Depois de
retalhadas, as carnes passam por um aparelho chamado cutter, que
transforma a mistura em uma espécie de farelo homogêneo. O passo
seguinte é juntar à matéria-prima doses de sal, amido de milho, temperos
e conservantes (como nitrito de sódio), que dão uma coloração rosada à
mistura. A receita fica então com cerca de 55% de carne e 45% de outros
ingredientes
3. O processo de
embutimento propriamente dito começa assim que a pasta sai do cutter. A
mistura é usada para encher as tripas, que podem ser naturais (como
intestinos de carneiro, por exemplo) ou artificiais, feitas de plástico
ou celulose, com diâmetro médio de 2 centímetros. Depois de preenchidas,
as tripas são torcidas ou amarradas mecanicamente
4. Já fechadas, as
salsichas ficam por meia hora em uma estufa a 80 ºC. Um termômetro
controla a temperatura, avisando a hora de interromper o cozimento,
quando o interior da salsicha chegar a 70 ºC. A técnica é um pouco
diferente para as salsichas defumadas, mergulhadas nessa etapa em um
líquido com essência de madeira, que confere o sabor característico ao
produto
5. Depois do
cozimento, as salsichas são resfriadas com uma ducha de água gelada por
cerca de 20 minutos, matando microrganismos que sobreviveram ao calor da
estufa. O resfriamento também desprende a tripa de plástico, mas a
salsicha mantém sua forma porque as proteínas da carne coagulam durante o
cozimento, criando uma fina camada externa que sustenta o formato do
produto
6. A essa altura, a
salsicha até já poderia ser consumida, mas ela ainda passa pelo
processo de tingimento, para melhorar o aspecto do produto. Nessa hora,
ela é mergulhada por dois minutos em um tanque com uma solução de
urucum, um corante natural. Depois, um banho de ácido fosfórico ajuda a
fixar a cor vermelha
7. Na última fase
da produção, as salsichas são embaladas a vácuo, para garantir a
conservação por um período maior. Antes de comê-las, entretanto, é
recomendável ferver o produto, para se livrar de microrganismos que
eventualmente tenham resistido aos processos de cozimento e de choque
térmico
Você sabia?
O sueco Jimmy Sköld é o mais veloz comedor de salsichas do mundo.
Segundo o Guinness Book, ele devorou sete em apenas um minuto, engolindo
as três primeiras em dez segundos!
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